ABÍLIO DOS SANTOS, de Canindé a Propriá, a Vida & Obra do fundador do Centro Espírita Oxóssi Caçador

06/12/2014 10:58

Abílio dos Santos nasceu na cidade de Canindé do São Francisco, sertão sergipano, no dia 12 de fevereiro de 1932, filho de José Avelino de Souza e Docelina Maria da Conceição. Chegou a Propriá pelo Rio São Francisco a bordo da canoa de nome “Pirapora”, aos cinco, seis anos de idade juntamente com seus pais e sua irmã Vitalina.

Sua primeira morada foi na Rua Nova (Vila Operária), Aos 11 anos Abílio muda-se com seus familiares para a Rua do Sol, onde passa a residir até os 18 anos. Frequentou a escola até a 4ª série primária, (hoje equivalente ao 5º ano do Ensino Fundamental).

Abílio, durante sua infância passou por diversas dificuldades, seu genitor era deficiente visual, sua genitora prendas do lar. Até chegar ao sacerdócio no Centro Oxóssi Caçador, ele passou por diversas profissões, a primeira foi aos 18 anos como tecelão, na Fábrica de Tecidos(Fiação e Tecelagem de Propriá.

Sua segunda profissão foi a de jogador de futebol, participando do elenco do América Futebol Clube de Propriá, Abílio, foi campeão de futebol da zona norte de Sergipe por dois anos, 1958 e 1959.  Ainda participou como atleta profissional de futebol pelo Esporte Clube Propriá, sempre jogando como zagueiro. Sua terceira e última profissão foi como pedreiro profissional.

Seus pais, adeptos da religião católica viram-se em uma situação inusitada, seu filho estava sempre acometido, em constantes crises, Segundo Sr. Abílio, a primeira experiência vivida na religião dos orixás deu-se muito cedo, foi quando o levou para o Babalorixá “Berílio” para um tratamento espiritual, onde foi confirmado que ele tinha “santo” Oxóssi. Na época Abílio tinha entre 15-16 anos.

Aos vinte anos de idade, Abílio contrai matrimônio com a senhora Valdelice Lima Cardoso, em 15 de novembro de 1952, sua companheira. Desse relacionamento nasce Ieda dos Santos, que segundo dona Valdelice, vem há falecer 23 dias após o seu nascimento. 

Após a ida de seu Babalorixá (Berílio) para a cidade de Penedo-Alagoas,e em pouco tempo com o seu falecimento, Abílio assume os trabalhos espirituais e funda o Centro Espírita Oxóssi Caçador em Propriá/SE.

Abílio, não sabe precisar a data exata do fato, esclarece, porém, que já fazia um “bocado de anos, uns 8-10 anos que estava ali”.

Desde aquela época passou a denominar-se no círculo religioso, Babalorixá Oxóssi Mutalambôu, sacerdote do Centro Oxóssi Caçador em Propriá/SE.

Abílio como outros Babalorixás, enfrentou vários problemas.A partir de então, Abílio jamais se afastou das suas obrigações espirituais nem doCentro Oxóssi, mesmo passando por todo o tipo de intolerância.

O Babalorixá Oxóssi Mutalambôu (Abílio dos Santos), além de agradecer a colaboração e contribuições de pessoas, ligadas a ele, reconhece com muita gratidão o entusiasmo com que seus filhos e filhas, pais e mães pequenos passaram com ele para construírem juntos o Centro Espírita Oxóssi Caçador.

Segundo Abílio, foram iniciadas por ele, no decorrer desses intensos 50 anos de sacerdócio, mais de duzentas pessoas no Centro Oxóssi Caçador, muitas já faleceram, outras deram continuidade abrindo casas em diversas regiões. Exemplos são: Lêda, Adail, Wilson Ramos e Marlene nas cidades de São Paulo, Brasília Curitiba. Segundo Abílio, hoje o Centro conta com um grupo de 18 a 20 pessoas, entre mães pequenas e Ekédes (auxiliares femininas das mães pequenas) em atividade.

A identificação que esse templo, desde a sua formação até os dias de hoje, traz em si mesmo e em suas diversas manifestações espirituais, o reconhecimento social e a importância dos serviços prestados à comunidade e região, é o legado que o Babalorixá Oxóssi Mutalambôu (Abílio dos Santos), seus filhos de fé e o Centro Espírita Oxóssi Caçador concedem à sociedade propriaense e região.


  • por José Alberto Amorim, professor da rede públia estadual de Alagoas e membro do Centro de Cultura de Propriá