ÁGUA QUE TE QUERO PURA: Sem água não haverá vida. E a água que queremos, a água pura, caminha para o fim

21/03/2015 08:11

Há um poema de Carlos Drummond entitulado "Congresso Internacional do Medo" escrito em dias negros, no momento crucial pelo qual o Brasil passava, a velha e maldita ditadura, e, fazendo referência a ela, me chama atenção o poeta ao dizer que " provisoriamente não cantaremos o amor, nem cantaremos o ódio... cantaremos apenas o medo que estereliza os abraços".

Poema bastante atual, aliás como todos os poemas de Drummond, me leva a perguntar: o que provocava medo então, provoca o mesmo medo hoje? Ou o medo se alastrou, invadiu esconderijos, profundidades antes consideradas inalcansaveis? Temos mais medo hoje? Talvez não. Talvez tenhamos hoje diferentes medos. Um deles o medo de ficar sem água por exemplo. Medo de que a água que nos resta esteja contaminada, que a chuva seja ácida e, então, medo da morte.

Sim porque sem água não haverá vida. E a água que queremos, a água pura, caminha para o fim.

Em um dos programas da TV Brasil, um químico do Instituto de Pesquisas Amazônicas informa qye as águas subterrâneas da Amazônia já estão contaminadas à assustadora profundidade de 40 metros; 75% das águas não estão de acordo com o nivel de pureza exigido; o mercúrio, no ano de 1971 afetou o solo, devastou os rios.

O Brasil, o país das águas com o Aqüífero Guarani contaminado de clorofórmio fecal de forma absurda e acelerada; o Velho Chico com suas nascentes ameaçadas. E a inconsciência com relação ao uso e preservação da água sô aumenta. A água, líquido precioso que dele cada adulto necessita para beber, no mínimo dois litros por dia, ameaçada, contaminada.

E assim "cantaremos o medo, o medo grande dis sertões, o medo dos mares..." porém conscientes que criamos situações para que esse medo de não termos água, água pura nos acompanhe. E, plagiando o poeta,  náo morreremos de medo, morreremos de seca, e em nossos túmulos não nascerão rosas medrosas nem amarelas.

por Helena Santana